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Mostrando postagens de setembro, 2020

Homem-Aranha de Raimi e a natureza moralista francesa

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  Se pensarmos em moralismo a partir dos conceitos técnicos na filosofia, inevitavelmente nos recordamos do impulso que movia o pensamento dos moralistas franceses, em essência tal impulso tem por interesse a observação do comportamento humano. O moralista é alguém que olha para a natureza humana, querendo trazer à tona aquilo que ela tenta esconder. Ou seja, a tendência do pensamento moralista é de revirar aquilo que não quer que se revire. Grandes nomes na fundamentação desse pensamento são Blaise Pascal, Jean de La Bruyère e François de La Rochefoucauld, suas máximas propagaram a essência de seus pensamentos, chegando até mesmo na nossa dramaturgia, como exemplo o dramaturgo Nelson Rodrigues. Partindo dessa ideia, podemos notar no movimento narrativo em que se constrói a trilogia Homem-Aranha, de Sam Raimi, o mesmo impulso de criar sentido a partir do retrato da moral que acompanha o ser humano. Como o texto tem por objetivo a crítica cinematográfica, não proponho interesse em apr

TERRA EM TRANSE (1967): A Política da Farsa pela Poesia da Desordem

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  “Eldorado, país interno, Atlântico”. Está é a primeira frase mostrada no filme, dirigido por Glauber Rocha, e não por acaso: Eldorado é uma lenda sobre a terra de ouro maciço, o dito lugar perfeito no planeta Terra; contudo, segundos depois da cartela aparecem homens armados, pessoas correndo, um papa jesuíta facialmente perdido, políticos preocupados e muita gritaria. Eldorado não é um país perfeito, (mesmo que, no decorrer da história, diversas riquezas naturais locais são citadas) longe disso, é o país da desordem. Eldorado é uma farsa. Poesia e Política são o fio condutor da narrativa em Terra em Transe , guiada pelo protagonista Paulo Martins, numa forma inventiva de flashbacks, enquanto vive os últimos minutos de sua vida por ter sido baleado enquanto fugia. Assim, o filme abraça um lado desiludido, pessimista e crítico dos acontecimentos, mas sem perder a parte lírica-lúdica e o moral do poeta. Lançado em 1967, pode ser lido como uma crítica ao governo brasileiro no períod